A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO TRATAMENTO DE CRIANÇAS

A PARTICIPAÇÃO DOS PAIS NO TRATAMENTO DE CRIANÇAS

CONCEITO
“O modelo teórico que orienta a TCC precisa considerar e incorporar tanto o ambiente interno quanto o externo que cercam a criança”.
(Krain e Kendall, 1999)

A TCC focada na criança , precisa considerar o contexto sistêmico mais amplo (ecologia ambiental) e, em particular, o papel potencial dos pais e cuidadores na instalação, manutenção e tratamento dos problemas de seus filhos.

SOBRE O PERÍODO DE AVALIAÇÃO

O terapeuta precisa compreender as crenças familiares importantes e avaliar a saúde mental dos pais.
O contexto em que os problemas se apresentam.
Os comportamentos parentais que podem estimular e reforçar as dificuldades da criança.
Identificar habilidades deficientes no comportamento dos pais em relação à criança ou na resolução de conflitos.
As expectativas e crenças distorcidas dos pais em relação aos filhos.
Cognições disfuncionais dos pais em relação ao comportamento da criança ou à sua capacidade.

O PAPEL DOS PAIS

A. OS PAIS COMO FACILITADORES:
- É o papel mais limitado.
Participam de duas ou três sessões paralelas para psicoeducação.
A criança é foco direto da intervenção.

B. Os pais como co-terapeutas:
Os pais se envolvem mais extensivamente.
Participam de algumas sessões de tratamento.
Os pais são incentivados a ser mais ativos e a agir como co-terapeutas, monitorando, estimulando e reforçando o uso de habilidades cognitivas por parte da criança.
A criança continua sendo o foco da intervenção.

C. OS PAIS COMO CO-CLIENTES:
Aprendem novas habilidades como pais.
Manejam a ansiedade pessoal e familiar.
Tratam de questões relacionadas ao abuso da criança.
A maior parte das sessões são separadas da criança.

D. OS PAIS COMO CLIENTES:
Nesse modelo os pais são o foco direto da intervenção.
Normalmente, a criança não participa das sessões de tratamento.
O objetivo é ensinar os pais habilidades positivas de manejo de comportamentos, solução de problemas e negociação.
O foco da intervenção são: as atribuições e expectativas dos pais em relação à criança, desafiar cognições tendenciosas sobre a eficácia parental.

COMPONENENTES DA INTERVENÇÃO

1. Psicoeducação:
- Esclarecemos a ligação entre eventos, pensamentos, sentimentos e comportamentos.
- Ajudamos eles a identificarem e testarem pensamentos negativos.
- Aprendem novas maneiras de lidar com sentimentos desagradáveis.
- Aprendem a solucionar problemas e superar dificuldades.

2. Manejo de contingências:

- Os pais são incentivados a reforçar: novas habilidades por parte da criança, comportamentos de enfrentamento, independentes.
- Devem maximizar os elogios quando apresentarem novas habilidades e comportamentos positivos.
- São orientados a reforçar recompensas tangíveis, maiores privilégios e a ignorar e extinguir comportamentos e cognições disfuncionais.

3. Reestruturação Cognitiva

- Incluem reestruturação cognitiva destinada a identificar, desafiar e reavaliar cognições parentais importantes ou disfuncionais. Ex. Jogo das características.
- Exemplo de distorções comuns: foi minha culpa não ter vigiado ela melhor (culpa), eu não sou um bom pai, por isso ele age assim (responsabilidade), se eu tivesse largado o emprego, teria sido diferente (culpa), ele não sabe se defender (independência).
- O trabalho deve evocar e avaliar atribuições externas e internas, refletir sobre elas e implementarem um novo ponto de vista.

4. Melhorias no relacionamento
-
Utilizar estratégias para reduzir conflitos.
- Identificar os estágios habituais de brigas, discussões e encontrar maneiras de interromper essa progressão.
- Desenvolver habilidades de escuta adequadas a situação.
- Evitar padrões negativos de comunicação: criticar, culpar, interromper e comprar.

5. Prevenção de recaída:

- A recaída deve ser esperada e normalizada como parte do processo de mudança. Ela deve ser vista como uma dificuldade temporária e, não como indicação de fracasso.
- O trabalho parental efetivo acontece quando as mudanças se generalizam e persistem.


REFERÊNCIAS:
- STALLARD, Paul. Bons pensamentos – Bons sentimentos. Porto Alegre: Art Med. 2004.
- STALLARD, Paul. Bons pensamentos – Bons sentimentos. Porto Alegre: Art Med. / 2ª edição, 2007.

Obs. Autora do texto: Ana Cláudia de Azevedo Peixoto